O presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, criticou neste domingo (18) os cortes na ajuda humanitária à Palestina anunciado nas últimas semanas por diversos países. Em viagem à Etiópia, o líder brasiliano voltou a qualificar uma vez que “genocídio” as ações militares perpetradas por Israel na Tira de Gaza.
“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um tropa altamente pronto e mulheres e crianças”, lamentou Lula. O presidente garantiu que o Brasil fará novo aporte de recursos para ações humanitárias na região.
Mais de 10 países – entre eles Estados Unidos, Reino Uno, Canadá, Itália, Suíça, Irlanda e Austrália – chegaram a suspender repasses para a Dependência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA, na {sigla} em inglês). A entidade, ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), é a maior responsável por ações humanitárias implementadas na Tira de Gaza.
Os cortes foram anunciados depois Israel denunciar o envolvimento de alguns funcionários da entidade nos ataques realizados pelo grupo palestino Hamas no sul do país, em outubro do ano pretérito. O governo israelense também defendeu que a UNRWA fosse extinta e substituída por outras agências.
Por sua vez, a entidade anunciou o retiro dos acusados, mas criticou a suspensão dos repasses financeiros. O encarregado da UNRWA, Phillipe Lazzarine, pontuou que as alegações envolvem um grupo pequeno de funcionários. Ele também destacou que as vidas das pessoas na Tira de Gaza dependem das contribuições internacionais, sem as quais diversas comunidades ficarão desamparadas. “A UNRWA é a espinha dorsal da resposta humanitária e a tábua de salvação de milhões de refugiados em toda a região”, escreveu nas redes.
Ações
Entre os serviços sociais desenvolvidos pela entidade estão a construção e gestão de escolas, abrigos para desalojados e clínicas médicas. Ela também é responsável por distribuição de provisões. Aliás, a UNRWA é um importante contratante de mão de obra em uma região que conta com boa segmento da população desempregada.
“Quando eu vejo países ricos anunciarem que estão parando de dar taxa para a questão humanitária aos palestinos, eu fico imaginando qual é o tamanho da consciência política dessa gente e qual é o tamanho do coração solidário dessa gente que não está vendo que na Tira de Gaza não está acontecendo uma guerra, mas um genocídio. Se tem qualquer erro dentro de uma instituição que recolhe numerário, puna-se quem errou. Mas não suspenda ajuda humanitária para um povo que está há tantas décadas tentando edificar o seu Estado”, criticou Lula.
O presidente brasiliano disse que os valores do novo aporte brasiliano ao UNRWA ainda serão definidos. Ele cobrou que as lideranças mundiais assumam um comportamento responsável em relação ao ser humano. “O que está acontecendo na Tira da Gaza com o povo palestino não existiu em nenhum momento histórico. Aliás existiu quando Hitler resolveu matar os judeus. E você vai deixar de ter ajuda humanitária? Quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? Quem vai entregar a vida das crianças que morreram sem saber porque estavam morrendo?”, questionou.
Na quinta-feira (15), depois a Irlanda anunciar a retomada das contribuições, o encarregado da UNRWA, Phillipe Lazzarine, agradeceu o país pelas redes sociais. Ele conclamou outras nações a seguirem pelo mesmo caminho.
“Quatro meses em uma guerra brutal. O dispêndio para os civis é inimaginável. 5% da população de Gaza já sofreu mortes, ferimentos ou separação. 17 milénio crianças arrancadas dos pais. A rafa se aproxima. A ajuda desesperadamente necessária não está indo para Gaza. Uma ação urgente é crucial para travar oriente crescente sinistro humanitário. Não há substituto para o papel do UNRWA na carência de uma solução política genuína. Declarar o contrário não só coloca em risco a vida de pessoas desesperadas, mas também compromete as possibilidades de uma transição muito sucedida”, escreveu.
Estado Palestino
Lula disse que além de prometer novidade taxa humanitária, o Brasil vai tutorar na ONU que o Estado palestino seja reconhecido definitivamente uma vez que Estado pleno e soberano. O presidente brasiliano também voltou a se posicionar em prol de uma reforma na ONU, ampliando as participações no Juízo de Segurança e extinguindo o recta de veto mantido por Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Uno.
“O que acontece no mundo hoje é falta de instância de deliberação. Nós não temos governança. Eu digo todo dia: a invasão do Iraque não passou pelo Juízo de Segurança da ONU. A invasão da Líbia, a invasão da Ucrânia e a chacina de Gaza também não passaram. Aliás, as decisões tomadas pela ONU não foram cumpridas. Nós estamos esperando para humanizar o ser humano. O Brasil está solidário ao povo palestino. O Brasil condenou o Hamas e não pode deixar de desaprovar o que o tropa de Israel está fazendo”, finalizou.