O Supremo Tribunal Federalista (STF) tornou público, nesta sexta-feira (9), um vídeo de uma hora e trinta minutos de duração de uma reunião na qual o ex-presidente Jair Bolsonaro orienta sua equipe ministerial a disseminar informações que coloquem em incerteza a segurança das urnas eletrônicas e a credibilidade do Poder Judiciário.
Bolsonaro diz que “providências” deveriam ser tomadas para mantê-lo no poder. Ao longo do vídeo, o ex-presidente cita uma série de argumentos que deveriam ser reproduzidos por seus ministros.
O vídeo, gravado em 5 de julho de 2022, é uma das provas apresentadas pelo STF no contexto da Operação Tempus Veritatis, deflagrada na quinta-feira (8) pela Polícia Federalista para investigar uma suposta organização criminosa cuja atuação teria resultado na tentativa malsucedida de golpe de Estado no 8 de janeiro de 2023.
Demonstrando preocupação com uma provável vitória do logo candidato Luiz Inácio Lula da Silva, Bolsonaro serpente de seus ministros que adotem discursos de tom crítico a instituições porquê STF e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele diz ainda que buscaria base junto a embaixadores.
“Vamos esperar chegar 2023, 2024 para se f…? [e depois se perguntar] ‘por que eu não tomei uma providência lá detrás?’”, questionou Bolsonaro em um trecho do vídeo, para, na sequência, ordenar, aos ministros, que adotem sempre o mesmo oração do presidente.
“Falem o que vou falar”
Segundo Bolsonaro, a “providência” a ser tomada não envolveria uso de força. Dirigindo-se ao ex-ministro da Resguardo general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, Bolsonaro acrescenta: “Não é dar tiro. ‘Ah, Paulo Sérgio, vamos botar as tropas nas ruas, tocar queimação e metralhar’. Não é isso. Daqui para frente, quero que todo ministro fale o que vou falar cá. E se o ministro não quiser falar, vai ter que falar para mim por que ele não quer falar… Agora, se não tiver argumentos para me demover do que eu vou mostrar, não vou querer papo com levante ministro. Está no lugar falso”.
“Nós sabemos que, se a gente reagir depois das eleições, vai ter um caos no Brasil. Vai virar uma grande guerrilha, uma fogueira, o Brasil. Agora, alguém tem incerteza de que a esquerda, porquê está indo, vai lucrar as eleições? Não adianta eu ter 80% dos votos. Eles vão lucrar as eleições”, diz o ex-presidente.
Mais adiante no vídeo, Bolsonaro diz saber que não ganhará “guerra de papel e caneta”, serpente mais contundência nos discursos dos ministros e diz que fará o mesmo junto a embaixadores.
Embaixadores
“A gente tem de ser mais contundente, porquê vou debutar a ser com os embaixadores. Porque, se aparece o Lula com 51% no dia 2 de outubro, acabou. A gente deve reagir ou vai ser um caos. Vai pegar queimação no Brasil”, disse.
Em outro momento do vídeo, Bolsonaro informou sobre uma reunião que teria com “metade dos embaixadores”, e que, na semana seguinte falaria com “a outra metade”, muito porquê autoridades do Judiciário, para mostrar o que, segundo ele, “estaria acontecendo”.
Bolsonaro logo levanta suspeitas sobre a atuação dos ministros do STF Edson Fachin, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. “Os caras estão preparando tudo para o Lula lucrar no primeiro vez, na fraude”.
“Alguém tem incerteza do que vai intercorrer no dia 2 de outubro? Qual resultado que vai estar às 22h na televisão? Alguém tem incerteza disso? Aí a gente vai ter que entrar com um recurso no Supremo Tribunal Federalista. Vai pra p…. Ninguém quer virar a mesa, ninguém quer dar o golpe. Ninguém quer botar a tropa na rua, fechar isso, fechar aquilo. Mas nós estamos vendo o que está acontecendo. Vamos esperar o quê?”, acrescentou.
Mais críticas
As críticas ao STF continuam. “O nosso Supremo cá é um poder à secção. É um super-supremo. Ele decide tudo. Muitas vezes fora das quatro linhas. Não dá para gente lucrar o jogo com o pessoal atirando tijolo da arquibancada em cima dos jogadores nossos, com juízes que a toda hora dão impedimento. É difícil a gente lucrar o jogo assim”.
Na decisão apresentada pelo STF, o ministro Alexandre de Moraes diz que a investigação da PF concluiu que a “organização criminosa” atuava em cinco eixos, e que um deles seria devotado a lutar “as instituições (STF, TSE), o sistema eletrônico de votação e a higidez do processo eleitoral”.
“Na presente representação, a Polícia Federalista enumera os núcleos de atuação do grupo criminoso, existentes e atuantes para operacionalizar medidas para desacreditar o processo eleitoral; planejar e executar o golpe de Estado e suprimir o Estado Democrático de Recta, com a finalidade de manutenção e permanência de seu grupo no poder”, afirmou o ministro.
Resguardo de Bolsonaro
Em nota, a resguardo de Bolsonaro diz que o ex-presidente “nunca compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Recta ou as instituições que o pavimentam”. A nota é assinada pelos advogados Paulo Bueno, Daniel Tesser e Fábio Wajngarten.