O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste domingo (3), que caso não haja o contrato mercantil entre Mercosul e União Europeia (UE), não foi por falta de vontade dos sul-americanos, mas por protecionismo dos europeus. Ontem (2), Lula se reuniu com o presidente da França, Emmanuel Macron, na tentativa de progredir com a negociação.
Nos últimos dias, o presidente brasílico esteve em visitante ao Oriente Médio e, hoje, conversou com jornalistas antes de deixar Dubai, nos Emirados Árabes, a caminho de Berlim, na Alemanha, onde tem compromissos da agenda bilateral. A Alemanha é um dos países que defende o contrato Mercosul-UE.
“Se não tiver contrato, paciência, não foi por falta de vontade. A única coisa que tem que permanecer evidente é que não digam mais que é por conta do Brasil e que não digam mais que é por conta da América do Sul. Assuma a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer uma contrato na perspectiva de fazer qualquer licença, é sempre lucrar mais e nós não somos mais colonizados, nós somos independentes, nós queremos ser tratados unicamente com o reverência de países independentes que temos coisas pra vender, e as coisas que temos têm preço. O que queremos é um visível estabilidade”, disse Lula.
O presidente gálico é contra o contrato Mercosul-UE, dizendo ser “incoerente” e “mal remendado”. “[O acordo] não leva em conta a biodiversidade e o clima dentro dele. É um contrato mercantil obsoleto e que desfaz tarifas”, afirmou Macron, neste sábado.
Já segundo Lula, a França é protecionista sobre seus interesses agrícolas. Ou por outra, o presidente brasílico defende alterações em pontos do contrato de livre transacção sobre licitações de compras governamentais, pois, para ele, é uma política indutora do desenvolvimento da indústria pátrio e oportunidade para pequenas e médias empresas.
Legalizado em 2019, em seguida 20 anos de negociações, o contrato Mercosul-UE precisa ser ratificado pelos parlamentos de todos os países dos dois blocos para entrar em vigor. A negociação envolve 31 países. Ele cobre temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, uma vez que serviços, compras públicas, facilitação de transacção, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.
“Se não tiver contrato, pelo menos vai permanecer patenteado de quem é a culpa. Agora, o que a gente não vai fazer é um contrato para tomar prejuízo”, completou Lula.