O empresário e blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Fruto, neto do general João Batista Figueiredo, último presidente militar depois o golpe de 1964, está entre os alvos da operação Hora da Verdade deflagrada ontem (8) pela Polícia Federalista (PF). De combinação com a PF, Figueiredo Fruto atuou em suposta operação de “propagação de desinformação golpista e antidemocrática”.
Juntamente com o general Braga Netto e os militares Ailton Gonçalves Moraes Barros, paraquedista do Tropa, o coronel do Tropa Bernardo Romão Correa Neto, e o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cesar Cid, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Fruto integrava o núcleo responsável por incitar militares à aderirem ao golpe de Estado, de combinação com relatório do Supremo Tribunal Federalista (STF). As investigações apontam que a organização se dividiu em seis núcleos de atuação na tentativa de golpe.
Os diálogos entre Mauro Cid e Figueiredo Neto, obtidos pela PF, revelaram que Correa Neto sabia horas antes o nome exato dos comandantes militares que seriam expostos pelo empresário e portanto comentarista em programas de rádio e televisão. O que demonstra, ainda segundo a PF, a existência de ação coordenada para expor e pressionar os militares que não aceitassem aderir aos planos golpistas.
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, detalhou no relatório que o grupo de incitação de militares escolhia “alvos para amplificação de ataques pessoais contra militares em posição de comando que resistiam às investigadas golpistas. Os ataques eram realizados a partir da divulgação em múltiplos canais e através de influenciadores em posição de mando perante a ‘audiência’ militar”.
“Segundo a mando policial, Walter Souza Braga Netto, Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Fruto, Ailton Gonçalves Moraes Barros, Bernardo Romão Correa Neto e Mauro Cesar Barbosa Cid teriam se concentrado na escolha de alvos para a amplificação de ataques pessoais direcionados a militares em posição de comando, que resistiam às investidas golpistas, em coordenação de condutas que identificam o núcleo responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado. Para tanto, os elementos coligidos apontam que os ataques eram realizados a partir da divulgação em múltiplos canais e por meio de influenciadores em posição de destaque perante a audiência militar”, revela relatório do ministro do STF.
Figueiredo Neto, de combinação com a PF e o STF, “economista e portanto integrante de programas de rádio e TV pela emissora Jovem Pan atuou nesse contexto de propagação de desinformação golpista e antidemocrática”.
Importante lembrar que o general e ex-presidente João Batista Figueiredo, antes de se tornar presidente da República agia nos bastidores da ditadura e chegou a comandar o sistema de espionagem da repressão, o Serviço Pátrio de Informações (SNI). Entre as várias atribuições do SNI estava o monitoramento de atividades de cidadãos dentro e fora do território pátrio.
Reunião
De combinação com as investigações, o coronel do Tropa Bernardo Romão Correia Neto, – a estação assistente do Comandante Militar do Sul – teve participação ativa na organização de uma reunião às 19h em 29 de novembro de 2022 em Brasília com a presença dos oficiais, com formação em forças especiais, assistentes dos generais supostamente aliados na realização do golpe. Os diálogos encontrados no celular de Mauro Cid demonstram que Correa Neto intermediou o invitação para reunião e selecionou exclusivamente os militares formados no curso de Forças Especiais (Kids Pretos), “o que demonstra planejamento minucioso para utilizar, contra o próprio Estado brasílio, as técnicas militares para consumação do golpe de Estado”.
No mesmo dia, às 20h02m, segundo a PF, Correa Neto envia a Mauro Cid uma minuta intitulada ‘Missiva ao comandante do Tropa de oficiais superiores da ativa do Tropa brasílio’, documento provavelmente discutido mais cedo na reunião utilizado porquê instrumento de pressão ao portanto comandante do Tropa general Madre Gomes. “Logo depois a reunião, o blogueiro Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Fruto divulgou no programa Pingo nos Is, às 21 h30, os nomes dos comandantes regionais do Tropa que ainda estariam indecisos em aderir ao projecto golpista. Os diálogos com Mauro Cida revelaram também que Correa Neto sabia hora antes o nome exato dos comandantes que seriam expostos pelo blogueiro, o que demonstra uma ação coordenada dos investigados em expor e pressionar os militares que não topassem aderir aos planos golpistas”, diz o relatorio.
Em seguida o envio da epístola, Mauro Cid pede a Correa Neto que mande as observações, ao que o mesmo responde: ‘porra irmão. Apaguei essa paragem’; ‘Não combinamos de extinguir? Os diálogos sugerem, portanto, segundo a PF, que os investigados tinham consciência da ilicitude das condutas praticadas e buscavam suprimir provas que pudessem incriminá-los, “em ação típica de organização criminosa’”.
Manifesto
A decisão de Alexandre de Moraes destaca ainda a existência de um documento que serviria porquê suposto manifesto de oficiais superiores do Tropa com “clara ameaço de atuação armada”. Tal documento fora “disponibilizado a Paulo Renato de Oliveira Figueiredo, na dinâmica de coordenação de atividades que norteava a atuação do grupo, o qual o publicizou em post no Twitter de 29/11/2022 e no programa Pânico da emissora Jovem Pan”.
A PF solicitou a prisão preventiva de Figueiredo Fruto, mas mandamento do ministro Alexandre de Moraes de ontem exclusivamente o proíbe de manter contato com os demais 32 investigados pela PF no esquema de preparação do golpe de estado.
Histórico
Não é a primeira vez que Figueiredo Neto se vê envolvido em problemas com a Policia Federalista. Em agosto 2019, ele foi recluso pela polícia dos Estados Unidos, suspeito de integrar um suposto esquema de pagamento de propinas a dirigentes do BRB, banco controlado pelo governo do Região Federalista, em troca de recursos para a construção do portanto Trump Hotel, no Rio de Janeiro. O projeto depois foi renomeado para LSH Lifestyle. O empresário foi considerado fugido pela Interpol, e terminou detrás das grades por alguns dias.
Seu nome também consta em pelo menos 18 processos no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no Tribunal Regional Federalista da 1ª Região e em outros tribunais.
Em 2021, o neto do ex-presidente general Figueiredo foi retirado da programação da rádio Jovem Pan. E em janeiro do ano pretérito acabou destituído, quando já era investigado pelo Ministério Público Federalista (MPF) por suposta disseminação de desinformação na emissora.
A Dependência Brasil procurou Figueiredo Neto e aguarda posicionamento da resguardo.