Feito o recesso parlamentar no final de janeiro, a Câmara Municipal de São Paulo deverá perfurar uma percentagem parlamentar de interrogatório (CPI) para investigar organizações não governamentais (ONGs) que atuam na região da Cracolândia, nome popular que era oferecido a uma região no meio da capital paulista ocupada por usuários e dependentes de drogas. Atualmente, eles se encontram dispersos pelas ruas da região medial de São Paulo.
O requerimento para a geração da CPI “com a finalidade de investigar as Organizações Não Governamentais que fornecem provisões, utensílios para uso de substâncias ilícitas e tratamento aos grupos de usuários que frequentam a região da Cracolândia”, porquê é descrito no documento, já colheu as assinaturas necessárias e foi protocolado na Câmara no dia 6 de dezembro do ano pretérito. No entanto, isso não significa que a percentagem será imediatamente instalada: há uma fileira de proposições de outras CPIs na Câmara e o requerimento ainda precisaria ser ratificado em plenário.
O responsável da proposta é o vereador Rubinho Nunes (União Brasil), um dos cofundadores do Movimento Brasil Livre (MBL). Ele colocou porquê foco principal da CPI a atuação do padre Julio Lancellotti, que desenvolve há muitos anos um importante e reconhecido trabalho de zelo com pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo. Também será fim dessa CPI o movimento A Craco Resiste.
Em suas redes sociais, o vereador Rubinho Nunes escreveu que o padre Julio Lancellotti e “muitos outros lucram politicamente com o caos instaurado na Cracolândia”. “A CPI que estou instaurando na Câmara Municipal de São Paulo vai investigar toda essa máfia da miséria que se perpetua no poder através de ONGs esquerdistas.”
Representando a oposição, o líder do PT na Câmara, vereador Senival Moura, contestou a geração da CPI. “Porquê líder da bancada de vereadores do PT na Câmara de São Paulo, expresso minha profunda indignação com a aprovação da geração da CPI das ONGs, que tem o Padre Julio Lancellotti porquê fim. Essa medida parece mais uma tentativa de cercear vozes críticas do que uma procura legítima por transparência. É um evidente desrespeito ao trabalho social e humanitário desenvolvido pelo Padre Júlio, que tem sido uma voz incansável na resguardo dos mais vulneráveis. Vamos resistir contra essa instrumentalização política e lutar pela preservação dos valores democráticos e sociais”, escreveu em suas redes sociais.
A vereadora do PT Luna Zarattini informou ter protocolado nesta quarta-feira (3) uma denúncia contra o vereador Rubinho Nunes na Corregedoria da Câmara. “Acabamos de protocolar uma representação na Corregedoria da Câmara contra o vereador bolsonarista que tenta perseguir e combater o padre Julio”, disse ela, em vídeo publicado no Instagram.
Por meio de nota, o padre Julio Lancellotti escreveu que as CPIs são legítimas, mas informou que não pertence “a nenhuma organização da sociedade social ou organização não governamental que utilize convênio com o Poder Público Municipal”. “A atividade da Pastoral de Rua é uma ação pastoral da Arquidiocese de São Paulo que, por sua vez, não se encontra vinculada, de nenhuma forma, às atividades que constituem o requerimento ratificado para geração da CPI em questão.”
A Craco Resiste, por sua vez, informou que não é uma ONG. “Somos um projeto de militância para resistir contra a vexação junto com as pessoas desprotegidas socialmente da região da Cracolândia. Atuamos na frente da redução de danos, com os vínculos criados com as atividades culturais e de lazer. E denunciamos a política de truculência e instabilidade promovida pela prefeitura e pelo governo do estado”, disse, em nota.
“Quem tenta lucrar com a miséria são esses homens brancos cheios de frases de efeito vazias que tentam usar a Cracolândia porquê vitrine para seus projetos pessoais. Não é o primeiro e sabemos que não será o último ataque indecoroso contra A Craco Resiste”, escreveu o movimento.